As mulheres portuguesas continuam a ganhar em média menos 18% de remuneração de base que os homens, à semelhança do que se passa no resto da Europa, e esta diferença salarial aumenta (21,9%) quando se calcula o ganho.
“A óbvia falta de equilíbrio entre homens e mulheres na partilha das responsabilidades domésticas e familiares, assim como enraizadas tradições e estereótipos, continuam a condicionar a escolha”, admite a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), em comunicado divulgado.
O fenómeno da diferença salarial entre homens e mulheres assume “predominantemente” um caráter de discriminação indireta, tornando-o “tão difícil de identificar e corrigir”, salienta a comissão.
As circunstâncias em que se observam maiores desigualdades salariais de género ocorrem, segundo a comissão, quando se comparam salários de diferentes categorias profissionais que, embora correspondendo a conteúdos funcionais distintos, são profissões de igual valor, tendo em conta o grau de experiência, de penosidade, de perigosidade, de duração, de formação e do grau de responsabilidade que exigem.
Para combater esta desigualdade salarial, a União Europeia instituiu o Dia da Igualdade Salarial que, em cada país deve representar o número de dias extra que as mulheres devem trabalhar num ano para atingirem o mesmo salário que os homens ganharam no ano anterior.
Em Portugal, este dia é celebrado a 6 de março, para lembrar que aos homens bastaria começarem a trabalhar neste dia para ganharem o mesmo que as mulheres, em média, auferem num ano.
Em Portugal, para assinalar o dia, a CITES vai disponibilizar na sua página da internet um inquérito de autoavaliação, através do qual as empresas podem avaliar o seu risco de desigualdade salarial.
“Este inquérito de auto-avaliação é a primeira parte de uma ferramenta informático de cálculo online de disparidades salariais, que a CITE irá disponibilizar na sua página gratuitamente, a partir de junho de 2014”, revelou a comissão à Lusa.
Segundo dados da Comissão Europeia, de outubro de 2012, em Portugal apenas 6% de mulheres ocupavam lugares nos conselhos de administração das empresas incluídas no PSI20, um número bastante abaixo da média europeia, que rondava os 13,7%. Nos lugares de presidente executivo e não executivo, a percentagem desceu para 0%.
Os dados revelaram também que as mulheres portuguesas representavam 5,4% nos lugares de diretores não executivos e 7,6% nos lugares de diretores executivos no conjunto das maiores empresas nacionais cotadas em bolsa, além das que compõem o PSI20.
Fonte: Dinheiro Vivo