Uma análise efetuada pela consultora imobiliária Savills, concluiu que Portugal está no TOP 5 dos países europeus com maior capacidade para atrair investimento para o setor logístico, ficando apenas atrás da França, Alemanha, Espanha e Itália.
Nestes últimos meses, o setor logístico atingiu bons resultados, muito por conta dos confinamentos e pelo consequente crescimento do comércio online. Esses fatores, inevitavelmente, obrigaram a uma reformulação das capacidades e necessidades de armazenamento, originando uma maior procura por sistemas de armazenamento fornecidos por empresas do ramo, como é o caso da Ractem, líder europeu em estantes.
No entanto, para os retalhistas com uma menor presença online, cujos clientes se viram limitados pelas restrições impostas no âmbito do combate à pandemia, o sentimento predominante foi de incerteza.
No “European Real Estate Logistics Census”, relatório que analisa este setor de mercado e evidencia o impacto da pandemia na procura desta classe de ativos, são reportados dados que demonstram que 95% dos operadores logísticos preveem necessitar de mais ou do mesmo armazenamento no decorrer dos próximos três anos. O mesmo relatório concluiu que 47% dos operadores logísticos já afirmaram que provavelmente irão expandir a sua capacidade de armazenamento, designadamente os operadores 3PL, seguidos dos retalhistas e da manufatura.
De acordo com essa análise, 36% dos ocupantes deverão expandir as suas instalações logísticas em mais de 40.000 m2, enquanto 44% deverão expandir a sua capacidade de armazenamento entre os 10.000 e os 40.000 m2.
Portugal está no topo das preferências para 24% dos operadores logísticos que pretendem aumentar a sua capacidade de armazenamento na Europa, com França a liderar nos 44%, Alemanha nos 43%, Espanha nos 39% e Itália nos 26%.
Redução dos riscos e aumento da capacidade de armazenamento
Segundo a análise dessa consultora imobiliária, é previsível o reshoring de algumas operações, estimando-se que 68% adotarão posturas mais prudentes, e vão procurar reduzir a sua exposição aos riscos associados à pandemia, tais como disrupções no transporte marítimo e o aumento dos preços dos combustíveis.
Apesar da escassez de ativos se revelar um enorme obstáculo ao crescimento desse setor na Europa, os operadores logísticos deverão procurar aumentar a sua capacidade de armazenamento de modo a anteciparem o crescimento da procura através de plataformas de comércio online. Do mesmo modo, será previsível um aumento de vagas de emprego na área de logística.
O Head of EMEA Industrial and Logistics da Savills, Marcus de Minckwitz, referiu que desde o começo da pandemia, a procura por espaço de armazenamento aumentou substancialmente, mas a disponibilidade continuou a diminuir. E concluiu afirmando que “o forte desempenho do mercado ocupacional, no que lhe concerne, intensificou o interesse dos mercados de capitais no setor, com volumes de investimento anuais que atingiram os 35 mil milhões de euros e prime yields que caíram para -3% em muitos mercados prime”.
“Existe uma oferta de armazéns deficitária em toda a Europa, mas com França, Alemanha e Espanha a continuarem a ser os mercados mais atrativos para os ocupantes que queiram aumentar a sua capacidade, devido ao crescimento das vendas de retalho online, significa que poderemos esperar o aumento dos valores das rendas nestes mercados ao longo dos próximos 3 a 5 anos”, acrescentou Mike Barnes, European Research Associate da Savills.
O que procuram os investidores
Para 89% dos inquiridos, a localização é o fator mais preocupante na hora de investir neste género de ativo. 83% dos inquiridos focaram as suas preocupações na segurança dos acordos de arrendamento, e 75% destacaram a importância da futura obsolescência do edifício.
A sustentabilidade dos imóveis está também no topo das preocupações de 74% dos investidores inquiridos, estando já quase todos a integrar princípios ESG nos seus processos de investimento ou a pretender vir a fazê-lo nos próximos três anos.
No que se refere aos promotores de ativos logísticos, 66% considera a automatização dos armazéns como um fator de impacto positivo nas cadeias de fornecimento durante os próximos 12 meses, assim como a robotização dos armazéns e a transição das frotas para a mobilidade elétrica.
Mais de 50% dos promotores referencia os custos com a aquisição de terrenos e com a construção como sendo algumas das maiores apostas para os próximos anos.
Em 2021 foi atingido um recorde de take-up superior aos 290.000 m2, por conta das recentes transformações das cadeias de distribuição em Portugal.
Os projetos portugueses em pipeline previstos para os próximos anos, somam já um volume de mais de 400.000 m2, o que comprova que Portugal está a entrar numa nova fase do mercado logístico e tornar-se atrativo para os mercados internacionais.
As previsões indicam que 2022 irá se manter a tendência de uma maior necessidade de área Logística e Industrial e, em simultâneo, prevê o anúncio de vários novos projetos por parte dos promotores logísticos. No entanto, visto que esses projetos provavelmente estarão concluídos em meados de 2023 e 2024, é expectável que a pressão de escassez de área de logística se mantenha.